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Foto:Júnior Santos/DN |
Há quase onze anos morando nos Estados Unidos e um ano em
uma das principais capitais do mundo da moda, Nova Iorque, o fotógrafo de moda
potiguar Giuliano Correia conserva até hoje a paixão sentida desde o primeiro
click. Com uma história de muita dedicação, profissionalismo e amor pela
fotografia, hoje Giuliano colhe os louros do trabalho de tantos anos,
fotografando para agências de renome como a Ford e a Elite Models, fazendo
editoriais e também campanhas comerciais.
Potiguar de Pau dos Ferros, desde pequeno Giuliano tinha
contato com câmeras fotográficas que o pai comprava e que ele sempre
"mexia", brincando de fotografar e entrevistar familiares e amigos.
Giuliano conta que o sonho dos pais era que ele fosse médico e que, por
influência disso fez uma série de vestibulares "errados", tentando
medicina e odontologia, até descobrir sua verdadeira vocação: foi no curso de
jornalismo da UFRN que ele realmente se encontrou e se apaixonou "por tudo
e por todos", como diz.
Tudo começou em um laboratório precário da UFRN na década de
1990 durante uma aula de fotografia. "Na primeira vez que peguei uma
câmera manual, fiz a luz e escutei o click fiquei louco, me apaixonei".
Depois disso, Giuliano participou de um concurso multimídia com uma fotografia
sua chamada "Abstrato em Barro", retratando santos no centro da
cidade e foi aí que ele ganhou seu primeiro prêmio, ainda universitário. Quando
terminou o curso de jornalismo, como não existia nenhum curso específico de
fotografia aqui, Giuliano optou por sair do país e ir estudar nos Estados
Unidos, em Chicago, numa faculdade de fotografia.
Ele lembra que no início não foi nada fácil não só para se
firmar como profissional, mas principalmente para se firmar como pessoa, já que
lá ele começou do zero, sem conhecer ninguém. Foram muitos anos trabalhando
como bartender e garçom para se sustentar e para pagar seus outros quatro anos
e meio de estudo. Giuliano ressalta que a fotografia exige muito investimento,
pois bons equipamentos custam caro. "Comecei como assistente defotógrafos
de editoriais e fiz muitos workshops em Chicago, Los Angeles e Nova
Iorque", conta ele.
Nos seus quatro anos como assistente de grandes fotógrafos,
ele diz ter ganhado muita experiência, principalmente no trabalho com a luz.
Daí começou a treinar fazendo fotos artísticas de amigos e descobriu que sua
vocação era trabalhar com gente, fotografando pessoas. Giuliano montou seu
portfólio e o distribuiu em várias agências de modelos nos Estados Unidos, que
inicialmente o chamaram para fotografar suas news faces. A partir desta
experiência que Giuliano começou a enveredar pelo mundo da moda.
Foi essa experiência inicial que Giuliano diz ter aberto
suas portas para o mundo "fashion", quando passou a conhecer as
pessoas que faziam esse universo, designers e, assim, as coisas passaram a
acontecer mais rápido em sua carreira. Ele conta que ingressou nos trilhos da
fotografia de moda há quatro anos, mas há cerca de dois ele começou a colher o
devido reconhecimento pelo seu trabalho. Sobre as dificuldades de se trabalhar
com fotografia, já consolidado profissionalmente Giuliano diz que esse nicho
ainda é uma luta e "tem que matar um leão a cada dia". Hoje, ele diz
poder respirar e dizer "valeu a pena tudo que eu passei". Todo o seu
tempo e dinheiro por esses anos no exterior ele dedicou à fotografia, a seus
equipamentos, abrindo mão de roupas novas, baladas e gastos desnecessários.
Moda brasileira
Avaliando a moda brasileira, baseado em sua experiência
internacional neste mercado, Giuliano Correia diz que "como tudo no
Brasil, a moda também está em grande transição. Ainda há muita segregação. Mas
como agora o Brasil está tendo maior repercussão internacionalmente, o país
ainda está aprendendo como tudo funciona dentro dos grandes eixos - Paris, Nova
Iorque e Milão", analisa Giuliano.
Criativamente, o fotógrafo vê a moda brasileira com grande
potencial, ressaltando também a beleza ímpar das suas modelos que, segundo ele,
são as mais harmônicas e completas no mundo. Ele fala ainda de marcas como a
Osklen em que sevê uma moda genuinamente brasileira, com peças bonitas,
interessantes, vindas de uma marca com "cacife para competir lá
fora". Giuliano complementa: "a indústria brasileira (de moda) ainda
é muito nova, tem pouca gente, pouco investimento [#] eu vejo a moda brasileira
crescendo muito rápido para ser bem representada internacionalmente".
Profissionalismo
Trabalhando em uma das cidades mais competitivas do mundo em
fotografia, Nova Iorque, Giuliano ressalta que, além do talento, o
profissionalismo é um critério fundamental no ramo. "Se você é responsável
e é bom, as coisas acontecem rápido", diz ele. Falando sobre a realidade
da moda em Natal, Giuliano explica que lá fora a indústria já existe, então se
o profissional trabalhar bem, vai ter espaço. Já aqui, as dificuldades vão além
da competitividade e profissionalismo. "Você que tem que criar esse
cenário, fazer as coisas acontecerem, ir atrás de tudo. Aqui, nem a indústria
nem os donos de lojas acordaram que existe dinheiro e mercado para o universo
da moda. As pessoas esperam vir de fora, mas deveriam investir no Brasil
inteiro, não só no eixo Rio-São Paulo".
Giuliano está há um ano em Nova Iorque e trabalho não falta.
Ele fotografa modelos para quatro agências, editoriais e clientes de
cosméticos. Em conversa com um amigo surgiu a oportunidade de voltar ao Brasil
e, como ele iria passar um mês no país, aproveitou para combinar sua
experiência e conhecimento dos vários workshops feitos no exterior e realizar
seu próprio workshop em Natal, que teve por foco o trabalho da luz - ambiente e
artificial. Voltado para alunos dos níveis intermediário e avançado, a ideia
era fazer uma luz particular, uma forma de o fotógrafo levar sua assinatura
para a foto por meio da luz e do seu senso estético.
Para os que compartilham com ele a paixão pela fotografia, o
conselho é ter "coragem, força, dedicação e investir muito. Ser fotógrafo
é uma profissão difícil como qualquer outra". Escolher com o que trabalhar
e está por dentro do que acontece no seu nicho também é fundamental.
"Profissionalmente você tem que escolher um nicho e se dedicar a ele, se
antenar com o mundo daquilo que você escolheu para se especializar".
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