quarta-feira, 20 de maio de 2015

Portal divulga mais de duas mil fotografias históricas brasileiras

Missa campal em comemoração à abolição da escravatura, em 1888, no Campo de São Cristóvão, no Rio (Foto: Luiz Antonio Ferreira/Acervo Instituto Moreira Salles)


Roberta Pennafort/Blog Estadão Rio

A Biblioteca Nacional e o Instituto Moreira Salles criaram o portal Brasiliana Fotográfica (http://brasilianafotografica.bn.br), um banco de fotos online focado no período de consolidação da fotografia no Brasil: do fim do século 19 aos anos 1920. Serão, inicialmente, cerca de duas mil fotografias do acervo das instituições, mas outras entidades ou colecionadores particulares poderão enriquecê-lo.

A iniciativa é pioneira no Brasil. Tanto a Biblioteca Nacional quanto o Instituto Moreira Salles têm entre seus pilares a preservação da fotografia. Da primeira, é destaque a Coleção D. Teresa Cristina Maria, composta por mais de 21 mil fotos reunidas por d. Pedro II, fotógrafo diletante e colecionador de imagens do Brasil, América do Norte, África e Europa.

Dela fazem parte registros de acontecimentos históricos, como a Guerra do Paraguai (1846-1870) e as manifestações pela abolição da escravatura, em 1888. Entre os principais nomes estão o alemão Revert Henry Klumb (1830-1886), professor de fotografia da Princesa Isabel, e o carioca Marc Ferrez (1843-1923).

O conjunto documental Mestres do Século XIX, do IMS, rico em paisagens e imagens de tipos brasileiros, sendo o Rio de Janeiro, capital do país, o principal cenário, tem fotos de Ferrez, do suíço Georges Leuzinger (1813-1892) e do francês Theophile Auguste Stahl (1828-1877), entre outros profissionais brasileiros e europeus.

As fotos mostram a evolução urbana das principais capitais da época, como Rio, São Paulo, Salvador e Recife, com registros da construção de ferrovias e de sistemas de abastecimento de água e da modernização de portos. O IMS disponibilizou outras três coleções.
Retrato de D. Pedro II de 1883 com técnica de impressão em platina (Foto: Joaquim Insley Pacheco / Acervo Biblioteca Nacional)

É um apanhado das nossas principais coleções do século 19, que são complementares à da biblioteca. Elas são imagens, em geral, de boa qualidade, e que estão sendo disponibilizadas com ferramentas de magnificação, de modo que se possa chegar a detalhes”, explica o coordenador de fotografia do IMS, Sergio Burgi.

Renato Lessa, presidente da Fundação Biblioteca Nacional, lembra que esse material da instituição é de domínio público. O portal deve servir a pesquisadores, estudantes e interessados em história e fotografia. “Será um portal da fotografia brasileira, e terá também ensaios de curadores. É como se fizéssemos várias exposições virtuais”, compara Lessa.

terça-feira, 12 de maio de 2015

DF é condenado a pagar R$ 5 mil a fotógrafo agredido por policiais durante manifestação

Crédito: Agência Brasil

A 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais do Distrito Federal manteve sentença que condenou o governo do Distrito Federal a pagar R$ 5 mil de indenização ao repórter fotográfico André Augustus Cardoso, agredido por policiais durante cobertura de uma manifestação na capital.

De acordo com o Diário da Manhã, o fotógrafo relatou que quando fazia a cobertura do ato no feriado da Independência, entre o Estádio Nacional e a Esplanada dos Ministérios, foi hostilizado por policiais do Batalhão de Policiamento com cães e por policiais do Batalhão de Choque.

Embora tenha se identificado, o repórter fotógrafo continuou sendo vítima de hostilidades e foi agredido junto com outros colegas por cassetetes, balas de borracha, gás de pimenta e gás lacrimogênio.

“Verificado excesso policial dirigido à equipe de imprensa, resultando em ofensa à integridade física do jornalista, emerge o dever de indenizar, posto que configurados o evento danoso e o nexo de causalidade exigíveis pela teoria da responsabilidade objetiva”, diz um trecho da sentença.

O Distrito Federal argumentou que alguns dos profissionais de imprensa não estavam adequadamente identificados para realizar a cobertura. Disse ainda que os jornalistas usavam lenços e máscaras nos rostos, dificultando o trabalho da polícia.

Para o Segundo Juizado da Fazenda Pública, é possível notar pelas imagens e depoimentos nos autos que o jornalista usava crachá e estava a pouca distância dos policiais, o que indica a possibilidade de identificação dele. Após recurso do DF, a Turma manteve a sentença.

"O DF não logrou êxito em demonstrar que agiu dentro dos limites legais. Mesmo porque não há comprovação de que havia uma ordem específica para a imprensa situar-se em local estratégico e, consequentemente, evitar os transtornos causados. As investidas de cães e as lesões do autor decorrentes de balas de borracha são suficientes a configurar violação a direitos de personalidade do requerente, pois é fato que, por si só, causa humilhação e angústia superiores ao rotineiramente enfrentados pelo cidadão comum”, completou.

Fonte: Portal Imprensa

segunda-feira, 11 de maio de 2015

“Esta é, possivelmente, a minha imagem mais difundida, mas infelizmente no contexto errado”, afirma fotógrafo vietnamita

Foto de Na Son Nguyen. Crianças se abraçam num vilarejo na província de Ha Gang. Vietnã, 2007.


Por Images & Visions

Esta comovente imagem, que se tornou viral no Facebook e no Twitter em todo o mundo, que mostra duas crianças se abraçando, foi divulgada pelo site “HistoricalPics” como se tivesse sido feita no Nepal  após a devastação causada pelo recente terremoto.

Na verdade, essa foto foi feita em outubro de 2007 em Can Ty, uma aldeia na província de Ha Gang no Vietnã, pelo fotógrafo vietnamita Na Son Nguyen. “Eu fiz esta imagem em outubro de 2007. A menina tinha cerca de dois anos. Ela estava chorando por causa da presença de estranhos na área, de modo que o menino, de cerca de três anos, abraçou-a confortavelmente”, disse Na Son Nguyen.

O fotógrafo havia publicado essa foto em seu blog pessoal há alguns anos, e ficou surpreso ao ver a imagem compartilhada como se fosse uma foto de órfãos abandonados no Nepal.  “Antes disso, essa fotografia já havia sido compartilhada em redes sociais como se fossem órfãos birmaneses e até como vítimas da guerra civil na Síria. Esta é, possivelmente, a minha imagem mais difundida, mas infelizmente no contexto errado”, conclui o fotógrafo vietnamita.

Documentário "Sal da Terra" mostra uma linda carreira artística independente

Cena do documentário "O sal da Terra"/ Da esquerda para direita: Win Wenders e Sebastião Salgado


Por Alê Barreto

Gosto muito de pensar sobre as infinitas possibilidades que uma carreira artística e criativa proporciona para quem tem coragem de trilhá-la e cria condições para trilhá-la. Escolher como modo de produção de sua vida profissões para as quais nem sempre há um mercado de trabalho organizado na região do planeta onde você escolheu viver ou que muitas vezes está sujeita à tensões provocadas por oligopólios, não é uma tarefa simples. Ter coragem de experimentar uma carreira artística e criativa, só pelo experimento em si, não importa o tempo que seja, irá proporcionar a você a noção de que você é capaz de realizar algo. E esta realização independente lhe proporcionará a você a sensação de liberdade. Agora, imagine se você estender a experiência de alguns dias fotografando para um tempo tão longo que se confunda com o tempo de sua própria vida. Como seria esta sensação?

Não há uma única resposta para isso. E também não há resposta certa e errada. O que existem são respostas. Respostas mais ou menos intensas.

Uma resposta intensa para esta pergunta é o documentário "O Sal da Terra" de Win Wenders e Juliano Ribeiro Salgado, sobre a carreira do fotógrafo Sebastião Salgado. Assisti no último sábado, aqui no Rio de Janeiro, na Casa de Cultura Laura Alvim e recomendo. O filme respondeu algumas questões que sempre busco entender no trabalho de um profissional criativo: como foi sua origem, quando começou a realizar seu trabalho, que questões busca mostrar em seu trabalho, como este trabalho se situa nos diferentes planos de sua vida.

Win Wenders e Juliano Ribeiro Salgado foram muito felizes na realização deste filme. Conseguiram mostrar a obra artística, os ciclos de trabalho, as questões existências e o pensamento de Sebastião Salgado. A narrativa fisga a sua atenção desde os primeiros minutos até o fim. E no fim, você lamenta que acabou. Fica desejando entrar em uma livraria, em um café, e encontrar toda a equipe do filme, para conversar e saber mais.

Sebastião Salgado e Lélia Wanick Salgado/Foto: Ricardo Beliel


Curioso, após o filme, busquei algumas informações recentes na web sobre o documentário e encontrei uma fala muito interessante do Sebastião Salgado sobre Lélia Wanick Salgado, sua esposa:


"É a minha companheira. Na vida, no trabalho, em tudo. Sem ela não teria feito um terço do que fiz".


Muitos podem achar que esta frase é bonita pelo fato de um marido estar reconhecendo o quanto sua esposa contribuiu para a evolução de sua carreira. Eu vou mais longe. É o reconhecimento de um artista experiente sobre o quanto é fundamental o trabalho de produção em uma carreira artística e criativa.

Torço para que alguém também se estimule a fazer um livro ou documentário sobre a história da Lélia Wanick Salgado. Com certeza aprenderemos muito.

Itamaraty confirma deportação de fotógrafo brasileiro detido na Turquia

Gabriel Chaim (esq.), Elizabeth Chappell e Robin Hinsch seguem detidos na Turquia (Imagem: Reprodução do Facebook)

O Itamaraty confirmou nesta segunda-feira (11/5) que o fotógrafo Gabriel Chaim, detido na Turquia ao tentar fazer a cobertura da guerra da Síria, será deportado para o Brasil. De acordo com as autoridades turcas, a deportação ainda não tem data para acontecer, mas será o mais breve possível.

De acordo com o G1, Chaim está preso em um prédio da direção geral de segurança, em Ancara. Após a visita de um funcionário da embaixada brasileira na Turquia, constatou-se que ele está bem de saúde. 

O fotógrafo, juntamente com outros dois colegas de profissão, foi detido na cidade de Sanliurfa quando cruzava ilegalmente a fronteira entre Turquia e Síria.

Chaim diz que soldados turcos apontaram as armas para eles e deram três tiros para o alto. “Deitamos no chão, no meio do mato. Então eles nos levaram para locais diferentes e começaram uma sessão de interrogatórios”.

O fotógrafo revela que a única forma de ultrapassar a fronteira da Síria é de forma ilegal. “Kobane está cercada pelo Estado Islâmico e pela Turquia, sendo que a Turquia só abre as portas para feridos muitos graves ou caminhões com produtos humanitários”, alegou.

Gabriel Chaim é especialista em coberturas de guerras e essa já a quarta vez que ele viaja para a Síria para cobrir a guerra civil do país. Ele já teve trabalhos publicados na CNN, no jornal The Guardian e na TV Globo.

Fonte: Portal Imprensa