quinta-feira, 13 de outubro de 2016

Três motivos para você não perder a exposição Cartografia do Afeto neste sábado

Dezembro de 2015, os fotógrafos Pedro Medeiros, Paulo Fuga e Vanessa Paula Trigueiro retornam para as cidades das quais de certa forma nunca saíram: Areia Branca, Mossoró e Assú. Foi nestes lugares que cada um individualmente começou a colecionar as primeiras memórias, os primeiros afetos e as coisas mais doces, aquelas do tempo de criança.

A viagem que se transformou em documentário (Cartografia do Afeto/ Direção: Johann Jean) foi apenas o primeiro destino do trio que após percorrer outras 12 cidades do interior do estado, chegam a Natal completando o 16º destino do Projeto Câmara Clara – Cartografia do Afeto. Juntos apresentam neste sábado o resultado da imersão feita pelos caminhos do passado.

A exposição com 45 imagens, o lançamento de um documentário e de um foto-livro nos quais contam suas experiências dentro do projeto ocorre neste sábado (15) às 18h na Pinacoteca Potiguar, concluindo a itinerância da Cartografia do Afeto.

Inicialmente programado para percorrer apenas as três cidades nas quais os fotógrafos passaram suas infâncias, a rota acabou inserindo outros vários municípios que dispusessem de casas de cultura em bom funcionamento para receber a parte didática da viagem: oficinas de fotografia.

“A gente ministrava uma oficina de fotografia para os jovens em cada cidade pela qual o projeto passava. Os autores das 15 melhores imagens, escolhidas por votação no Facebook, também virão a Natal pelo projeto para estar com a gente na abertura da exposição”, detalha Paulo Fuga, explicando que além das 30 imagens feitas pelos três fotógrafos durante toda a viagem, compõem a exposição também outras 15 imagens resultantes das oficinas.

Ao todo o projeto percorreu em duas etapas neste ano as seguintes cidades: São Miguel do Gostoso, Goianinha, Macaíba, Serra Negra do Norte, Jardim do Seridó, Florânia, Santa Cruz, São José do Campestre, Campo Grande, Lajes, Mossoró, Grossos, Assú, Apodi e Martins.

Ao NOVO, os fotógrafos Paulo Fuga, Pedro Medeiros e Vanessa Trigueiro  selecionaram algumas imagens do vasto acervo resultante das viagens que realizaram pelo interior do estado e descreveram algumas sensações por trás de cada fotografia clicada nesta empreitada.


AFETO DE RUGAS
(Por: Paulo Fuga)
"Cheguei em Mossoró e a minha avó Neci ficou cega, no mesmo dia. Respirei e fotografei. Por uma porta entreaberta capturei o descanso do meu avô paterno, a gente quase nunca se falou. Um dos meus maiores medos era visitar a casa do meu avô materno, vovô Titico, um homem que tem medo do passado, que chora quando lembra do que já viveu, que andou por vários caminhos e hoje se esconde entre gatos, cachorros, ovelhas, galinhas... Eu fui em lugares, falei com pessoas, mas só em meus avós eu consegui encontrar o que queria: o passado. Mesmo com a passagem do tempo, eles ainda estavam lá enrugados, marcados, curvados, emocionados, intactos. Percebi que não consigo mais encontrar o menino que corria descalço nas ruas ou se escondia dentro de casa com medo. Hoje, homem grande reconheci o quanto tudo é gigante na infância”.


AFETOS DE AUSÊNCIA

(Por: Vanessa Trigueiro)
“A fotografia também desperta a ausência. Mas é aí que a magia acontece. O vazio encontra-se completamente preenchido. Preenchido de ensinamentos, boas energias, lembranças, saudades. Preenchido, sobretudo, de afeto. A presença da ausência do meu avô, Seo Paulo, foi o primeiro sentimento despertado em mim ao retornar à minha cidade de origem, Assu. No entanto, com o passar dos dias, fui percebendo que a garagem empoeirada, a fazenda Arruda dos Trigueiros e todos esses lugares carregavam não só a ausência de Seo Paulo. Todos carregam ausência do que já foi vivido. É, no final, a presença da ausência que nos permite seguir em frente, experimentar novas vivências”.


AFETOS DE AREIA

(Por: Pedro Medeiros)
“Minhas primeiras facetas fotográficas foram como modelo mirim do meu avô, Toinho do Foto, que assinava com o seu ‘A. Vale’, uma criatura do seu tempo, crescendo, flutuando sobre o rio Ivipanim, deslizando nos montes de sal, escapando pelo cais e deixando pedaços de dedo no calçamento. O chamado da vida me leva para longe, para além das fronteiras do Atlântico, Pacífico e Mar Mediterrâneo, levado para rios distantes. Contudo, como todo bom filho da ‘Terra do Sal’, o retorno sempre foi constante. Navegando pela maré das lembranças, do vai e vem ininterrupto dos trabalhadores do mar, das sucessórias idas e vindas à escola e dos passos que mantém viva uma história que jamais parou de acontecer. Passado, presente e futuro em plena união, na dança do tempo. Olhar para dentro, cerrar os olhos e respirar tranquilo. Hoje é um bom dia para fazer história”.

EXPOSIÇÃO//
CÂMARA CLARA - CARTOGRAFIA DO AFETO

Quando? Sábado
Onde?  Pinacoteca Potiguar
Que horas? 18h

Fonte: Novo Jornal

Nenhum comentário:

Postar um comentário