sexta-feira, 22 de junho de 2012

Lente de aumento


Foto:Lourdes Segade


Seria mais fácil deixar tudo atrás da porta, embaixo do tapete, nos fundos da casa. Mas não para ela. Lourdes Segade escolheu buscar histórias humanas e deixar à vista de todos por meio de suas fotografias. Os protagonistas para suas lentes não são os mais disputados. São pessoas comuns. A fotógrafa procurar revelar sentimentos profundos e importantes de personagens que sentem dor, sem construir histórias pessimistas. Pelo contrário. “Costumo dizer que são histórias de força e nunca sobre rendição, nem tristeza. Por trás dessas histórias, são grandes pessoas que se divertem, riem, refletem sobre a vida e amam tanto quanto podem”, explica. E não as escolhe por acaso. “Busco histórias que me movem, com as quais me identifico, e que acredito que deve ser da preocupação e interesse de todos”, conta.
Foto:Lourdes Segade


Norteado por esse mesmo objetivo, nasceu em 2006 o coletivo EVE Photographers. Junto com outras cinco fotógrafas de diferentes partes do mundo, o projeto foca em pautas relacionadas ao jornalismo social, com o objetivo de destacar temas relevantes e, por vezes, pouco explorados. Além disso, Lourdes trabalhou para os jornais The New York Times e International Herald Tribune e para a agência Polaris Images. Seu trabalho social e delicado rendeu ainda o convite da revista Courrier Japon para a produção do “This Day Of Change”, livro em que mais de cem fotógrafos do mundo registraram a posse do presidente dos EUA Barack Obama sob o tema “esperança”.
Foto:Lourdes Segade


O interesse pelo ofício sempre esteve em Lourdes. Aos 9 anos, ganhou a primeira câmera, mas não lembra, exatamente, quando segurou uma nas mãos pela primeira vez. Talvez tenha sido antes. Anos mais tarde, na faculdade, por causa de uma aula de introdução à fotografia, acompanhou um colega de turma a um festival no norte da Espanha onde conheceu “fotógrafos incríveis”. “Eles me transmitiram toda paixão e coragem. Eu não sabia como, mas sabia o que queria ser”, lembra. No fundo, ela sabia como. Seu pai, um fotógrafo amador, mantinha um laboratório em casa. “Lembro da luz vermelha em cima da porta e da sensação de estar lá dentro com ele vendo as imagens aparecendo”, diz sobre o grande “milagre” imagético.

Achou o caminho e nunca se perdeu. Continua sua busca por personagens que ofereçam a ela o maior de todos os presentes. “Eles são muito generosos por me deixar em suas casas e, portanto, em seus sentimentos, rotinas e suas VIDAS, em letras maiúsculas”, afirma. Segue responsável por destacar mais do que simples palavras.

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