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Foto:Massoud Hossaini |
A agência de notícias AFP ganhou seu primeiro Pulitzer ontem na categoria "Foto Últimas Notícias", com a imagem
comovente de uma menina que grita horrorizada logo depois de um ataque suicida
num templo xiita, lotado de pessoas em Cabul. A fotografia foi assinada pelo
afegão Massoud Hossaini, de 30 anos.
A imagem da criança afegã, de pé em meio a uma pilha de
corpos, transmitiu a ideia da devastação logo depois da ação num local, cheio
de fiéis.
Hosseini trabalha para a AFP desde 2007, e estava a poucos
metros do local quando explodiu uma bomba, no dia 6 de dezembro do ano passado,
matando pelo menos 70 pessoas.
O próprio fotógrafo relatou o acontecimento, pouco depois em
entrevista à AFP.
"Estava com minha câmara quando, de repente, ouvi a
explosão", disse. "Por um momento não entendi o que acontecia, só
senti a onda da detonação como uma dor em meu corpo. Caí no chão".
"Vi as pessoas correndo, afastando-se da fumaça.
Sentei-me e vi que minha mão sangrando".
"Meu trabalho é documentar os fatos, pelo que corri no
sentido contrário das pessoas", continuou Hosseini. "Quando a fumaça
se dissipou, vi que estava no meio de um círculo de corpos".
"Só conseguia chorar e tirar fotos da desolação à minha
volta".
"Não pude ajudar ninguém, realmente estava em estado do
choque. Só sabia que precisava registrar tudo isso, toda essa dor, as pessoas
correndo, chorando, batendo no peito e gritando: Morte à Al-Qaeda, morte ao
Talibã".
Depois, olhei para a direita e vi uma menina, Tarana Akbari,
de entre 10 e 12 anos, que gritava de terror com a roupa manchada de sangue e
as mãos abertas, em sinal de impotência e desespero. Estava cercada de corpos.
"Ao ver o que tinha acontecido com seus irmãos, primos,
tios, mãe, avó, e a todos a seu redor, só conseguia gritar".
"Consegui capturar, então, esta reação
horrorizada", disse o fotógrafo.
A própria Tarana, que foi depois ouvida por jornalidas da
AFP, contou que "quando consegui me levantar, vi as pessoas em volta,
atiradas no chão, cobertas de sangue. Estava muito, muito aterrorizada".
Na entrevista que concedeu no dia 12 de dezembro, a menina
afegã lembrou que, no dia, foi com 16 parentes ver as manifestações do Ashura,
uma das festas sagradas xiitas, culto professado por sua família. Pôs o melhor
vestido, de um verde brilhante.
Tarana (′melodia` em persa) foi ferida levemente na perna. Sete pessoas de sua
família morreram, entre elas seu irmão mais novo Shoaib, de sete anos. Ficaram
feridas a mãe e as irmãs Sunita, de 15 anos, e Sweeta, de cuatro. O pai
tinha deixado a cidade, para um trabalho.
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