![]() |
| Foto:Flávio Damm |
Em setembro de 1939, fotos publicadas nos jornais despertaram um interesse diferente no menino Flávio Damm, então com 11 anos. Talvez não soubesse que registravam a invasão da Polônia pelas tropas alemãs, a Fall Weiss, nome pelo qual ficou conhecida a operação que marcou o início da Segunda Guerra Mundial – e sua grande preocupação nem era essa. “Pai, quem fez essas fotos?”, indagou. A resposta, marcaria seu futuro. “São soldados sem armas, munidos de câmeras fotográficas, que estão na guerra para ver por quem não está lá”, respondeu o pai. Desde então, Damm não fez outra coisa. São 66 anos de fotojornalismo, em 84 de vida.
Com 60 mil negativos em arquivo acumulados após experiência nas revistas O Globo e O Cruzeiro, Damm também ajudou a fundar a agência de fotojornalismo Image e foi escolhido por Eder Chiodetto, fotógrafo e curador independente, como um dos oito mestres das lentes “bressonianos” do país. Trabalhou com a Petrobras, Jorge Amado, Gilberto Freyre e Portinari, fez fotos históricas de Getúlio Vargas, realizou dezenas de exposições no Brasil e no exterior. Hoje, mantém uma coluna quinzenal na revista PHOTO, prepara o décimo livro da carreira e, claro, fotografa diariamente o que mais gosta. “Gente como a gente, em suas atitudes no dia a dia, prosaicamente surrealistas, como sou”, diz.
![]() |
| Getúlio Vargas.(Foto:Flávio Damm) |
E põe gente nisso. Com 13 anos e sua primeira câmera, uma Baby Brownie, fez fotos de meninas de sua escola, na educação física, horário em que o acesso para meninos no pátio era proibido. “Já era fotojornalista, brinca. Foi apenas o início. Ainda adolescente, foi auxiliar do fotógrafo Ed Keffel, na revista O Globo, em Porto Alegre. Algum tempo depois, Keffel saiu da revista e Damm assumiu seu posto. Lá, foi consagrado com as primeiras fotos de Vargas após o afastamento da Presidência da República. Jornais do Brasil, de Moscou, dos EUA, de Paris e de Londres compraram cópias de suas fotos. Em seguida, foi para a revista O Cruzeiro, em que ficou por dez anos.
Em mais de meio século, fotografou Cândido Portinari nos últimos três anos de vida; a coroação da rainha da Inglaterra; a revolução em Assunção, no Paraguai; a exposição do primeiro foguete americano, o Vanguard 1, em 1958; entre outros incontestáveis momentos importantes da história. Mas os anos não mudaram suas técnicas. “Fotografou com lente normal, 5 cm, não uso tele ou luz artificial, e apenas com câmeras Leica analógicas. Aproximo como um gato e saio de perto – fujo – como um rato”, explica. E não pensa em parar. Ainda há muito que enxergar pelos outros. Afinal, nessa guerra, as cenas são infinitas.
![]() |
| Foto:Flávio Damm |



Nenhum comentário:
Postar um comentário