domingo, 19 de junho de 2011

Sem poses


Foto:Daniel Aratangy

Daniel Aratangy tornou-se referência no mercado graças aos seus editoriais para revistas como Tpm, Trip, Vogue, Joyce Pascowitch, e Sexy. Seu viés mais conhecido lida com uma intensa produção. “Brinco com os assistentes que o trabalho é esperar. A gente espera muito mais do que fotografa”, diz Aratangy, que só depois de tudo montado entra em cena para calibrar a luz, ver os melhores ângulos dirigir a cena. “Quando não dependo de ninguém para fotografar, me sinto tão livre”, poderá. Por isso, Aratangy persegue, em seu trabalho pessoal, a maior espontaneidade possível.
Foto:Daniel Aratangy

Aratangy conta que ainda aos 9 anos, quando fez seu primeiro curso sobre fotografia, gostava de andar pelas ruas fazendo fotos e desejando fotografar com os olhos, o que seria o máximo da não interferência. Afinal, ao sacar uma câmera da mochila, o ambiente se modifica quase que instantaneamente. Hoje o fotógrafo diz chegar mais perto dessa câmera invisível. Com seu Iphone, ele fotografa, trata as fotos e a publica, aproveitando que celulares já fazem parte do cotidiano e passam despercebidos.
Foto:Daniel Aratangy

O irônico é que, após fotografar, seja com a câmera do celular ou com a câmera profissional, se ausentando o máximo possível da cena, Aratangy pegou gosto por interferir digitalmente, como uma forma de continuar criando depois da foto feita. Montagens, filtros, luz; tudo vale. Aliás, quase tudo: modificar o corpo é algo que o incomoda profundamente.
Foto:Daniel Aratangy

Essa ressalva também existe no trabalho profissional: “o tom das cores, do contraste e algumas outras interferências eu gosto de eu mesmo fazer, mas tratar o corpo e a pele não sou em quem faz”, conta Aratangy, que acredita que há exageros nessa etapa. Ele critica os padrões de beleza impostos, que transforma o normal em inaceitável. “Todo mundo tem barriguinha, as modelos têm barriguinha e mesmo assim eles tiram”, indigna-se o fotógrafo que acredita que as pequenas “imperfeições” dão charme às “mulheres de verdade”. Nesse ponto, as mulheres de verdade agradecem a interferência.

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