segunda-feira, 13 de junho de 2011

Luz na escuridão

Foto:Daniel Marenco
                             
                            Uma característica peculiar nos ensaios de Daniel Marenco pode fazer o olhar hesitar. Sua predileção por fotografias em lugares onde a escuridão predomina e a pouca luz, ou até mesmo a ausência total dela, torna-se o meio pelo qual ele capta um momento revelador dos ambientes e dos personagens retratados. Do vazio do escuro, nascem aos olhos formas delineadas pela luz precisa que completa a cena. Um exemplo escarrado disso é sua série sobre o Presídio Central de Porto Alegre, onde usou faro de repórter e persistência para acessar um lugar onde ninguém quer entrar. “Eu gosto mesmo de fotografar em lugares marginalizados, mas não quero só mostrar a miséria, é claro que ela está ali, mas quero mostrar a dignidade humana dessas pessoas. Minha busca é pelo lado humano”, comenta o fotojornalista gaúcho de São Leopoldo, que há menos de um ano foi para a capital paulista, contratado pela Folha de S.Paulo. Mas nem só de tonalidades escuras vive o trabalho dele. Há espaço cativo para mais cores em sua paleta fotográfica. Desde que chegou em São Paulo, os assuntos pelos quais  já cobriu pelo jornal paulista são variados, mas podem ser abrigados sob o escopo maior do hard news: campanha eleitoral de 2010, enchente em Alagoas, ocupação das favelas cariocas, jogos dos campeonatos Brasileiro e Paulista – o futebol, aliás, é uma paixão confessa.
Foto:Daniel Marenco

                             A experiência no registro do fait divers vem de suas passagens do Diário Gaúcho e no Zero Hora, pelos quais chegou a ser indicado para o Prêmio Esso. Uma rápida ascensão até o principal jornal do país. “Mas eu ainda estou crescendo, aprendendo. Sempre”, assevera.
                            Para Marenco, o fotógrafo precisa criar uma intimidade com uma cidade para aprender com profundidade seus instantes imagéticos. Vivê-la, sentir-se em casa, e só então sacar a máquina. A relação assemelha-se ao início de uma amizade. É o motivo para ele ainda não ter registrado a capital paulista de maneira mais acurada. Por enquanto as atenções de Marenco são direcionadas pelo ritmo incessante da labuta diária da Folha. E ele gosta disso: “eu sou um tarado trabalhando. Se você me disser eu te encontro às 9h para começar uma pauta, já vou estar na ativa desde às 6h”, conta.
Foto:Daniel Marenco

                             Mas as idas e vindas na paulicéia revelam, aos poucos, os temas para o workaholic. Marenco gosta de repetir uma frase do amigo e colega de profissão João Wainer: “Ser fotógrafo é uma boa desculpa para entrar em lugares onde normalmente você não entraria e descobrir pessoas que não se descobriria”. E registrar momentos reveladores que, sem fotografia, se perderiam.

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