segunda-feira, 19 de março de 2012

Armas na Capoeira

Não há dúvida de que, entre os estados do Brasil, um dos que carregam uma das cargas culturais mais fortes é a Bahia. Entre as inúmeras manifestações folclóricas, religiosas e festivas, em tempos em que as artes marciais estão cada vez mais em evidência, a capoeira, jogada e dançada ao som do berimbau, é a cara do Brasil e a cara da Bahia. No entanto, uma greve da Polícia Militar no estado fez com que os tabuleiros das baianas fossem recolhidos mais cedo e as rodas de capoeira deixassem de tocar seus atabaques. Entre os dias 31 de janeiro e 11 de fevereiro, os conflitos e protestos amedrontaram a população e, durante 12 dias, tiraram o brilho das manhãs ensolaradas do Farol da Barra.

Até o nono dia da paralisação, foram registrados 135 homicídios na região metropolitana de Salvador. Nas localidades afetadas, houve mudanças na rotina dos moradores, com o fechamento de escolas, universidades, fóruns e outros órgãos públicos. Em sete dias de cobertura, o fotógrafo Moacyr Lopes Júnior, da Folhapress, ficou atento a todos os movimentos. Suas fotos registraram cenas antagônicas, com uma feita horas antes do anúncio do fim da greve, que representam bem o que não tornou o quadro ainda pior: a presença insólita do exército em um ponto turístico.

Lopes, que também cobriu a greve de 2001 na cidade, aponta algumas diferenças entre as duas. “A greve de 2001 foi mais impactante do ponto de vista visual. As pessoas ficaram apavoradas, houve um esvaziamento da cidade. Em 2012, apesar do medo, com a presença do exército nos pontos turísticos, o movimento não mudou tanto”, explica. Mesmo assim “foi cansativo, parecia cobertura de guerra”, diz. Com a ajuda de todos os santos, a “guerra” teve fim e a vida continua.

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