domingo, 31 de julho de 2011

Economia da diversão


Foto:Leandro Cunha
                             
                        Não peguei tanto, mas o pouco que lembro sinto a intensidade na forma de como brincávamos com peças rústicas que instigavam a imaginação. Além do mais, os brinquedos eram feitos para serem usados de forma coletiva.
                        Fico assustado com tanta tecnologia na vida das crianças de hoje. Temo o não aprendizado de noções básicas de convívio social harmonioso, o que pode gerar adultos mais egoístas e explosivos mergulhados em seus equipamentos individuais ao ponto da intolerância ser responsável por conflitos banais mais do que já se vê por aí.
                        O pessimismo parece tomar conta do futuro, mas ainda há esperança. Não esqueçamos que, apesar de tudo, são crianças, e por isso sonham. A infância de uma época não é melhor do que a outra, cada uma tem sua característica, é uma nova forma de relações.

sábado, 30 de julho de 2011

Diálogos entre a Arte e a Fotografia

Ao longo do século XIX, a fotografia, para ser reconhecida como arte, procurou fugir de suas qualidades estéticas convencionais, no sentido de conquistar uma "artisticidade", que, até então, lhe fazia falta. O diálogo da fotografia com a Arte é um dos eixos temáticos principais que rege a pesquisa da crítica Annateresa Fabris, em "O Desafio do Olhar - fotografia e artes visuais no período das vanguardas históricas".

Fabris sustenta a hipótese que, com o objetivo de ser vista como arte, a fotografia tenta promover resultados pictóricos e gráficos. Nesse contexto, o pictorialismo acaba por abrir caminho para a definição da fotografia moderna, quando propõe um distanciamento entre imagem e referente, afirmando a autonomia do meio como sistema de representação visual.

As artes visuais, por sua vez, nunca deixaram de dialogar com a fotografia, principalmente no século XX. Artistas como Heartfield, Klutsis, Ródtchenko e Lissitzky passam a explorar elementos da comunicação de massa em fotomontagens, nas quais a questão política não impede o emprego de princípios plásticos modernos. O que demonstra o quanto estavam cientes da necessidade de novos instrumentos visuais numa sociedade em processo de transformação pela mecanização.

Capítulos

De acordo com a autora, "a pesquisa que deu origem ao livro teve como objetivo analisar as complexas relações entre fotografia e artes visuais, desde meados do século XIX até as primeiras décadas do século XX". No século XIX, ressalta ela, a fotografia passa a lançar mão de temas consagrados e de alegorias. Ao mesmo tempo, são ensaiados novos processos como a fotografia composta, graças à qual é possível realizar composições com muitas figuras.

"Um episódio determinante é representado pelo pictorialismo, que acaba, de maneira própria, por contribuir para a definição de fotografia moderna, ao propor uma distinção entre imagem (fotográfica) e referente (exterior). Numa etapa posterior, graças a figuras como Alfred Stieglitz e Paul Strand, é afirmada a autonomia da fotografia como sistema de representação visual. É importante lembrar que, no caso de Strand, não pode ser esquecido o diálogo que o fotógrafo estabelece com o cubismo, do qual deriva uma nova ideia de espaço", declarou. "O Desafio do Olhar" é constituído por três capítulos: "Na encruzilhada: arte e fotografia no começo do século XX"; "A convergência com a ciência: o movimento como trajetória"; e "A convergência com os meios de comunicação de massa".
Henry Peach Robinson aparece numa das imagens (Os últimos instantes, de 1858)


No primeiro, a autora dá destaque a vários modos de emulação da pintura, replicando modelos pictóricos e fotografia composta. Também é destacada a emancipação do pictorialismo e a busca de uma definição mais precisa para uma fotografia artística que não despreze a natureza técnica do aparelho.

Já no segundo capítulo, Fabris analisa os diversos aspectos de uma prática interessada em colocar a imagem fotográfica numa dimensão dinâmica, inexistente, por razões técnicas, nos primeiros ensaios realizados com o novo meio. "Seu ponto de partida está na apresentação de várias tentativas de fixação do movimento, cujos resultados mais consistentes serão alcançados com a fotografia instantânea, com os registros de fases da locomoção humana e animal, levados a cabo por Eadweard Muybridge, e com o método cronofotográfico desenvolvido pelo fisiologista francês Étienne-Jules Marey", explica a autora.
John Heartfield investia em fotomontagens políticas, a exemplo de Como na Idade Média


Para finalizar, no terceiro capítulo, Annateresa se debruça sobre três estudos de caso: as fotomontagens políticas de John Heartfield; a prática da fotomontagem na Rússia pós-revolucionária; e um conjunto de quadros realizados por Francis Picabia, nos anos 40, a partir de ilustrações fotográficas publicadas em revistas populares.

Imagem
O Desafio do Olhar
WMF
Martins Fontes, 2011, 240 páginas, R$49,80

sexta-feira, 29 de julho de 2011

Pouco trabalho,muita paciência

Foto:Leandro Cunha

Desemprego estrutural. Funcionalidades de máquinas que fazem tudo que o ser humano faz e com maior rapidez. Concorrência desleal, portanto, pois além de tecnologia e agilidade, o empregador tem a opção de substituir a mão-de-obra humana pelos robôs que não ganham salário, causando desemprego em massa e forçando uma maior especialização daqueles para poder concorrer no mercado.
Fico pensando nos cobradores de ônibus. Não tiveram oportunidade de estudar e em muitas cidades a presença deles não se faz mais tão necessária por causa de inserção de equipamentos que são capazes de ler cartões magnéticos.
Foto:Leandro Cunha

Onde persiste, o trabalho se torna um pouco sem sentido e desumano. Os passageiros passam com seus cartões pessoais como se os cobradores não existissem. O resultado disso é a falta de perspectiva, preguiça e uma sensação de falta de importância social para esses passageiros de pouco luxo.

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Visão panorâmica


Foto:Cássio Vasconcellos

Navios, chaminés, paisagens marinhas, retratos e imagens noturnas. São alguns dos temas das séries fotográficas que recheiam o portfólio de Cássio Vasconcellos. A diversidade dos objetos fotografados é uma das marcas de seu trabalho. “Cada série tem um tempo de vida. Não adianta ficar na mesma coisa por muito tempo”, explica Vasconcellos, que procura sempre evitar repetições. Essa procura pelo novo aliada ao prazer de novas pesquisas que realiza para cada trabalho é o que o estimula. Além de focar em diferentes assuntos, procura também diferentes ângulos. Foi o que fez em uma série de fotos aéreas marcantes que rendeu o livro “Aéreas”, lançado no fim do ano passado.
Foto:Cássio Vasconcellos

O livro é uma coletânea de seu trabalho pessoal feito por anos em quase todas as regiões do Brasil e também fora dele, como em Nova York, Peru e Argentina. O projeto só foi possível graças à outra faceta de Vasconcellos. Fotógrafo há 30 anos, ele também é piloto de helicóptero há 15. “Foi a maneira de juntar as duas coisas que gosto”, conta, se referindo às fotografias aéreas. É claro que ele não pilota e fotografa ao mesmo tempo, mas fotografar sob outro ponto de vistam, de um helicóptero, já é bom o suficiente para um aficionado por voar.
Foto:Cássio Vaconcellos

Para fazer fotos por uma perspectiva tão peculiar, é fundamental um conhecimento técnico, que vai além do domínio do foco e enquadramento. Além de dominar a câmera, é importante conhecer muito bem o helicóptero. “Eu falo a mesma língua do piloto. Mesmo quando não sou amigo dele, eu entendo o que está acontecendo. Eu olho para o painel e não vou pedir nenhum absurdo”, explica Vasconcellos, deixando  que sabe até onde ir para conseguir o ângulo certo para suas fotos e conclui: Facilita para mim e para o piloto”. Com sintonia afinada, resta apenas a preocupação com a câmera.
Foto:Cássio Vasconcellos

O gosto pelas fotos aéreas continua, mas a procura por outros olhares também. Neste mês, Vasconcellos estréia um novo tipo de trabalho: a exposição de um diálogo estabelecido numa traça de correspondências. No lugar de cartas, foram utilizadas imagens. A variedade de assuntos que atrai a câmera de Vasconcellos reafirma seu olhar de fotógrafo, amplo, que enxerga, a todo momento e em todo lugar, fotos em potencial. Resta esperar para ver quais serão os próximos assuntos revelados por ele. Para quem já esteve acima das nuvens, não há limites.

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Fim de relacionamento

Foto:Leandro Cunha

Na Geórgia, fotógrafo do presidente é acusado de espionagem


O fotógrafo oficial do presidente georgiano Mikhail Sakachvili e outros três fotógrafos da imprensa foram detidos nesta quinta-feira em Tbilisi por espionagem e correm o risco de enfrentar "acusações muito sérias", anunciou o ministério do Interior.
"Os detidos são acusados de ter transmitido informações, obtidas graças a seu trabalho, a uma organização que atua sob cobertura para serviços secretos de um país estrangeiro, contra os interesses da Geórgia", afirma um comunicado oficial.
Entre os detidos estão o fotógrafo pessoal de Mikhail Sakachvili, Irakli Guédenidzeh, a esposa deste, Natia, que também é fotógrafa, Zurab Kurtsikidzé, da agência EPA, e Guiorgui Abdaladzeh, funcionário do serviço de imprensa do ministério das Relações Exteriores.
Chakh Aivazov, fotógrafo da agência Associated Press, também foi detido, mas rapidamente liberado, segundo o comunicado.
"Acusações muito sérias serão apresentadas contra eles", declarou à AFP o vice-ministro do Interior, Eka Zgouladzeh, que confirmou uma investigação por suposta espionagem.
As detenções aconteceram na madrugada de quarta-feira para quinta-feira.