Por Roy Greenslade. Tradução e edição para o Observatório da Imprensa: Leticia Nunes
Será que virou tendência? A editora britânica Johnston Press anunciou que seus jornais na região central da Inglaterra não terão mais fotógrafos profissionais contratados. A partir de agora, as publicações da região das Midlands contarão com imagens de fotógrafos freelancers e deverão ampliar o uso de fotos enviadas por leitores e tiradas por repórteres com seus telefones celulares.
A maioria dos fotojornalistas dos jornais dos condados de Lincolnshire, Warwickshire, Northamptonshire e Buckinghamshire aceitou pacotes de demissão voluntária. Segundo um porta-voz da Johnston Press, a decisão de eliminar os cargos foi tomada a partir de uma revisão sobre “como o conteúdo fotográfico é gerado”.
Há relatos de que a companhia tem planos similares para seus jornais na Escócia. Em 2012, o posto de editor-chefe foi eliminado no The Scotsman, de Edimburgo. Na ocasião, a Johnston Press afirmou que pretendia criar uma estrutura mais linear e eficiente de gerenciamento do jornal.
Culpa da economia e da tecnologia
Em sua coluna sobre mídia no Guardian, o professor de jornalismo Roy Greenslade afirma que os fotógrafos devem reconhecer que seu papel na indústria jornalística mudou por conta da “combinação da revolução digital com a economia dos jornais”. Ele avalia a decisão da Johnston Press:
“Esta ação não é uma surpresa. De fato, a surpresa é não ter acontecido antes. Depender de freelancers – e, é claro, de cidadãos com smartphones – para obter imagens é muito mais barato do que ter fotógrafos na equipe.
Sim, haverá aqueles que argumentarão que o resultado, em termos de qualidade, será pobre. Mas eu duvido que este será o caso em jornais semanais locais. Hoje em dia, todo mundo pode tirar, e tira, fotos automaticamente.
Não acontecem eventos – seja incêndios, festas, acidentes na estrada, gatos em árvores, o que for – sem que haja alguém pronto a tirar uma foto. Os fotógrafos de jornais se tornaram desnecessários”.
No ano passado, o Chicago Sun-Times eliminou seu departamento de fotografia, demitindo 28 profissionais. Na ocasião, o jornal americano anunciou que treinaria seus repórteres para tirar fotos com iPhones. Em dezembro, o sindicato que representa parte dos funcionários do Sun-Times conseguiu um acordo para que alguns dos fotógrafos fossem recontratados.
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