sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Urbanas, fotografias de German Lorca



A excelência da obra de German Lorca o coloca entre os autores que contribuíram significativamente para a história da fotografia paulista. É notável o progressivo apuro técnico e estético, aprimorado a partir de sua atuação em diferentes segmentos – experimentação, reportagens, documentação e publicidade. É igualmente notória à gênese criativa de Lorca, constituída após a experiência com os ativistas do Foto Cine Clube Bandeirante e de sua participação na estruturação do laboratório fotográfico no Museu de Arte de São Paulo, os mais importantes pólos irradiadores do pensamento que articulou a fotografia moderna em São Paulo neste momento.
Inauguração da Catedral da Sé, em 1954
A breve carreira como contador não resistiu à sedução das primeiras imagens, decidindo-se pelo ofício de fotógrafo em 1948. Nos anos seguintes, seu trabalho autoral foi reconhecido com premiações e participações em exposições e publicações nacionais e internacionais. Em 1954, Lorca inicia as atividades do seu estúdio especializado em fotografias técnicas e publicitárias, atendendo à demanda do mercado em expansão nas décadas posteriores, sem, contudo, jamais abandonar a fotografia autoral e a documentação da cidade.

A grande mobilização em torno do IV centenário de fundação de São Paulo despertou seu interesse em participar das comemorações, produzindo um eloqüente registro do desfile cívico no Parque Anhangabaú e da solenidade de inauguração da Catedral da Sé que reuniu autoridades políticas e religiosas convidadas para o evento. As fotografias de Lorca denotam grande familiaridade com a cidade, um dos temas recorrentes em sua produção e objeto central desta exposição. Em algumas imagens, notamos a sagacidade de sua visão e a capacidade de operar o sistema de enquadramento e recorte para gerar a abstração e estranhamento dos espaços urbanos, observados na fotografia da rua São Vicente de Paula que ilustra a página anterior. Também está exposta uma seleção de registros em grande plano que apontam o crescimento vertical da paisagem no perímetro central de São Paulo, em muitos casos obtidos do topo dos prédios.

Os registros da cidade, executados em plano aberto e parcialmente reunidos nesta exposição, foram captados por Lorca entre os anos 1950-1960. Soma-se à sua preponderante força estética a relevância histórica que estas imagens adquiriram, devido as constantes transformações de São Paulo e à intrínseca propriedade de revelar aspectos urbanos e sociais deste período agora longínquo, a exemplo da geometria das construções operárias das ruas que cercam os galpões no Brás ou dos flagrantes dos cortiços.

Exposição em cartaz até 31 de março na Casa da Imagem, rua Roberto Simonsen 136-B - Centro - São Paulo

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