quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Sebastião Salgado: "somos natureza"

Foto: Ricardo Lisboa

Por National Geographic Brasil

Entre 2004 e 2011, Sebastião Salgado visitou cinco continentes, em mais de 30 viagens para regiões quase sempre inóspitas, como Sibéria, Galápagos e Papua Nova Guiné. Pela primeira vez, Salgado documentou, como frisa, "outros animais além do homem". Retratou paisagens, fauna, flora e comunidades humanas que ainda vivem dentro de suas tradições ancestrais, imunes às transformações impostas pelo modo de vida contemporâneo.

Como foi a experiência de fazer Gênesis?
Com dois anos de preparação, oito de fotografia e mais dois de pós-produção, passei grande parte da minha vida dentro desse projeto. Foram, em média, oito meses por ano viajando, naquele que talvez possa considerar o período mais rico da minha carreira. Gênesis fecha um ciclo com os projetos que fiz antes, sobre as guerras na África, trabalhadores e refugiados. Agora, tive a chance de conhecer locais fabulosos e aprender a respeito da minha relação com o planeta e com outros seres humanos. Convivi com grupos que representam o que fomos 10 mil anos atrás. Fui bem recebido. O homem é um ser gregário por natureza. Minha impressão é que a agressividade surgiu depois de certa organização espacial.

Como foi a sua relação com os povos retratados?
Quando você passa um tempo com as pessoas e elas compreendem o seu trabalho, que você deseja mostrar a dignidade, a personalidade delas, a maneira como vivem, elas têm orgulho de participar. Os nenets, do norte da Sibéria, por exemplo. Eles montam e desmontam suas casas todos os dias. À noite a gente comia junto, discutia junto questões cotidianas. Se eles matam uma rena, também tomam o sangue, e sempre aparece alguém com uma garrafa de vodca. É como uma família.

Aprendi com eles algo que nós perdemos na nossa sociedade: o conceito de essencial. Temos uma quantidade enorme de coisas. Compramos, acumulamos e não usamos. Se você der aos nenets um presente que eles não possam transportar no trenó, eles não aceitam. Eles possuem apenas o necessário para subsistir em uma condição climática extrema e são tão felizes quanto uma pessoa que vive em um grande apartamento em São Paulo.

O que perdemos com a massificação global dos modos de vida?
Quando eu era menino, o Brasil tinha 90% de população rural. Hoje, 90% da população é urbana. Por outro lado, na Amazônia brasileira, restam povos ainda não contatados, que vivem como há 10 mil anos. São uma referência viva do nosso passado ancestral.

Exemplos desse tipo de contradição não faltam. A Índia acabou de lançar um automóvel de 2 mil dólares. Todo mundo vai comprar. Está todo mundo felicíssimo porque vai ter um carro, mas será que esse modelo consumista ocidental é o melhor para a Índia? Nossa espécie é nova, mas tomou conta do planeta. Escravizamos as outras espécies. Se tivéssemos a capacidade de enxergar a vida como uma evolução de dezenas de milhares de anos, compreenderíamos a nossa origem e o nosso lugar, até concluir algo simples e importante: somos natureza.

O que você diria aos jovens documentaristas brasileiros?
Que fotografem mais os nossos grupos indígenas. No início da história escrita da humanidade, na antiga civilização egípcia, pessoas já habitavam a Floresta Amazônica. Temos a obrigação de conhecer e proteger esse legado cultural e ambiental.

Qual a missão da fotografia?
As duas únicas linguagens que não necessitam de tradução são a fotografia e a música. E a fotografia é, possivelmente, a linguagem mais acessível e universal que possa existir.

Paulo Bruscky expõe fotografias na galeria Amparo 60, no Recife

Exposição de Paulo Bruscky vai até janeiro (Foto: Fábio Jardelino)

Por NE10

A partir desta quinta-feira (28), o Recife poderá conferir a exposição Foto/Linguagem, do artista Paulo Bruscky. A mostra apresenta um lado pouco conhecido do pernambucano. Serão expostas 150 fotografias - a maioria inédita - tiradas entre a década de 1970 e 2013. A exibição terá curadoria da professora da USP Dária Jaremtchuk e ficará em cartaz na galeria até janeiro de 2014.

De acordo com a curadora, na década de 1970, o termo "fotolinguagem" tornou-se frequente e servia para designar uma produção que se diferenciava da tradição da fotografia de arte e do fotojornalismo. Era elaborada por artistas, onde os trabalhos eram destituídos de preocupações estéticas ou de sofisticação formal. Isso levava o questionamento do conceito de obra de arte, de autor e de receptor.

Serviço

Foto/Linguagens
Abertura 28 de novembro de 2013, às 20h
Visitação de 29 de novembro a 18 de janeiro de 2014
Terças as sextas, das 10 às 13h e das 14 às 19h
Sábados com agendamento prévio com dois dias de antecedência
Galeria Amparo 60
Av. Domingos Ferreira, 92
Boa Viagem, Recife-PE
Fone: 81 3033.6060

sábado, 23 de novembro de 2013

Fotógrafo tem equipamento furtado durante final da Copa do Brasil



Portal Comunique-se

O jornalista Heuler Andrey enfrentou na noite dessa quarta-feira, 20, um dos “piores momentos” de sua vida, conforme relatou o próprio profissional em sua página no Facebook. Isso porque ao cobrir o primeiro jogo da final da Copa do Brasil, disputada entre Atlético Paranaense e Flamengo no estádio da Vila Capanema, em Curitiba, ele teve seu equipamento de trabalho furtado.

Em matéria da PGTM Comunicação em especial para o portal Terra, Andrey afirmou ao repórter Guilherme Moreira que o crime aconteceu no momento em que deixou o equipamento da sala de imprensa do estádio para registrar imagens do campo. “Era cedo, por volta das 18h, não tinha quase ninguém ali. Fui tirar foto no campo, conversei com um cliente e voltei. Chegando ali, tinham levado tudo”. O objeto levado está avaliado em R$ 120 mil.

Ao Terra, o presidente da Associação de Repórteres Fotográficos e Cinematográficos do Paraná (Arfoc-PR), Valquir Aureliano demonstrou confiança sobre a recuperação do material do jornalista. “A pessoa que pegou sabia o que estava fazendo. Mas cada câmera tem um RG, e vai ser identificado”, disse o representante da entidade. O furto aconteceu no fim da tarde, mas a partida só começou às 22h. Para ao menos conseguir trabalhar, Andrey contou com apoio de colegas de trabalho.

“Muito obrigado, Franklin Freitas e Giuliano Gomes, que me emprestaram uma câmera, uma lente e um cartão de memória. Agradecimento ao Jonathan Campos e ao Hedeson Alves, que emprestaram uma câmera e a lente para eu poder realizar uma parte do trabalho antes do jogo. Agradeço, também, o Gaúcho e a Julia Abdul-Hak. E, por fim, ao Cleber Yamaguchi, que após o jogo me ajudou a transmitir um pouco do material”, publicou Andrey no perfil que mantém no Facebook.

terça-feira, 19 de novembro de 2013

Voando baixo

Foto: Leandro Cunha

Meu maracatu pesa uma tonelada

Foto: Leandro Cunha

Exposição de fotos traz retrospectiva de mais de 30 anos de lutas pelos direitos indígenas



Por Instituto Socioambiental

Começa hoje (19), na Praça Externa do Museu da República, em Brasília, a exposição Povos Indígenas no Brasil 1980/2013 – Retrospectiva em Imagens da Luta dos Povos Indígenas no Brasil por seus Direitos Coletivos. A mostra comemora os 30 anos do Apoio Norueguês aos Povos Indígenas no Brasil e os 25 anos da Constituição. O projeto é uma realização da Embaixada da Noruega no Brasil e do ISA.

Nesta terça-feira acontece a abertura oficial, no mesmo local, com coquetel e show da cantora Elle Márjá Eira, do povo indígena Sami, do norte da Noruega. A abertura contará com a participação da embaixadora da Noruega no Brasil, Aud Marit Wiig, de Beto Ricardo, do Instituto Socvioambiental (ISA) e curador da exposição e da presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), Maria Augusta Assirati.

A exposição é composta por 43 fotos, apresentadas em ordem cronológica, clicadas por 33 fotógrafos, com mapas e textos de apoio, em português e inglês. A mostra é composta por 18 totens de 2,39 x 2 m, com imagens de ambos os lados. A iluminação noturna das peças será feita por coletores solares, no topo dos totens. Em 2014, a mostra estará em São Paulo, Rio de Janeiro, Manaus e Oslo (Noruega).

Momentos e personagens históricos

“Pretende-se que essas imagens sirvam de referência para as narrativas dos seus protagonistas, assim como para o aprendizado das novas gerações”, comenta Beto Ricardo.

Em 1983, a Noruega criou uma linha específica de cooperação internacional para apoio aos povos indígenas e o Brasil foi o primeiro país a receber seus recursos. A Embaixada da Noruega apoia atualmente 15 associações indígenas e organizações indigenistas. A base da iniciativa é a Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), um dos principais mecanismos internacionais de proteção aos direitos indígenas. A Noruega foi o primeiro país a ratificá-la, em 1990. O Brasil fez o mesmo em 2002.“A Noruega vem firmando parcerias de longa duração com várias associações indígenas e organizações não governamentais indigenistas no Brasil por meio de seu Apoio aos Povos Indígenas. O foco tem sido o apoio institucional”, informa a embaixadora da Noruega no Brasil, Aud Marit Wiig.

"Extintos"

A exposição trata de um período histórico recente (1980-2013) marcado pelo protagonismo político dos povos indígenas, depois de terem sido considerados extintos. Essa visão está presente no curioso relato do antropólogo Claude Lévi-Strauss, registrado em seu livro “Tristes Trópicos”, que serve de epígrafe à exposição. Em 1934, pouco antes de viajar ao Brasil, ele questionou o embaixador brasileiro na França sobre como encontrar comunidades indígenas. “Índios? Infelizmente, prezado cavalheiro, lá se vão anos que eles desapareceram”, respondeu o diplomata.

O antropólogo Darcy Ribeiro registrou o decréscimo geral da população indígena e o desaparecimento de mais de 80 etnias, entre 1900 e 1950. Algumas fontes estimam que, em 1500, havia entre 2 milhões e 6 milhões de índios no que seria mais tarde o território brasileiro.

A trajetória de resistência retratada na exposição, no entanto, coincidiu com a recuperação do crescimento demográfico dessas comunidades, registrada a partir dos anos 1980. Hoje, existem no Brasil 240 povos indígenas, que falam 154 línguas e somam uma população de mais de 896 mil pessoas (IBGE 2010). O número de índios continua crescendo, assim como o de etnias, embora alguns povos estejam ameaçados de extinção. Metade das etnias tem uma população de até mil pessoas; 49 têm parte de sua população habitando países vizinhos; há 60 registros de povos “isolados”.

A maior parte das fotos foi publicada originalmente na imprensa ou nos volumes da série Povos Indígenas no Brasil, elaborada, inicialmente, pelo Centro Ecumênico de Documentação e Informação (Cedi) e, a partir de 1994, pelo ISA, com apoio do governo norueguês.

A exposição traz momentos e personagens históricos, retratados num período de 33 anos no qual os povos indígenas saíram da invisibilidade para entrar de vez no imaginário e na agenda do Brasil contemporâneo. O marco desse processo foi o capítulo dos direitos indígenas da Constituição. Entre outros temas, as imagens retratam a participação indígena na Constituinte (1986-1988); a batalha pelo reconhecimento das Terras Indígenas; a resistência às invasões de garimpeiros e madeireiros; o apoio de músicos como Sting e Milton Nascimento; a apropriação das tecnologias do homem branco; as ameaças aos últimos povos “isolados”; as mobilizações recentes pela garantia de seus direitos.

sexta-feira, 15 de novembro de 2013

Patrimônio em Sais de Prata: Fotografias como fontes de informação em sistema memorial

Concurso fotográfico da CAENE encerra inscrições no dia 18

Por Agecom/UFRN

Foram prorrogadas até a próxima segunda-feira, 18, as inscrições para o concurso fotográfico “Acessibilidade e respeito. Eu posso! Você deixa?”, promovido pela Comissão de Apoio ao Estudante com Necessidades Educacionais Especiais (CAENE) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).

A inscrição é gratuita e podem participar fotógrafos amadores e profissionais. A finalidade é incentivar a arte da fotografia e estimular o surgimento de novos talentos, sensibilizando e despertando um novo olhar sobre a diversidade humana e inclusão. Aspectos relacionados aos diferentes tipos de deficiências (física, sensorial e intelectual) poderão ser registrados.

Os interessados devem enviar no máximo três fotografias, via correio, para: Concurso Fotográfico: Acessibilidade e respeito: Eu posso! Você deixa? CAENE - Comissão de Apoio ao Estudante com Necessidades Educacionais Especiais, UFRN, Av. Salgado Filho, s/n – Campus Universitário, Prédio da Reitoria, Lagoa Nova, Natal/RN - CEP: 59078-970. Ou entregar o material pessoalmente no endereço citado.

A premiação ocorre na primeira semana de dezembro, em evento comemorativo alusivo ao Dia Internacional da Pessoa com Deficiência. Os três primeiros lugares serão premiados com uma máquina fotográfica, laptop e um livro, respectivamente nessa ordem. As demais 12 fotos seguintes às premiadas irão receber menção honrosa. Todas as fotos selecionadas irão compor uma mostra itinerante.

Mais informações pelo telefone: 3342-2501.

Ausências do Brasil

Foto: divulgação

Por Spa das Artes

Fotos das famílias feitas durante o regime militar, ao lado de uma recriação atual da cena, feita pelo fotógrafo argentino Gustavo Germano. No novo clique, Germano tenta reconstruir o momento da primeira imagem, mas agora sem o parente morto ou desaparecido.

O projeto começou com o retrato das famílias de vítimas da ditadura na Argentina (1976-1984), mas logo se expandiu aos países do Cone Sul, palco da Operação Condor - uma ação conjunta das ditaduras dos países da América Latina para prender seus opositores.

Serviço

Ausências do Brasil - 20/11 a 15/12 - Gratuito

Galeria Janete Costa - Parque Dona Lindu - Av. Boa Viagem, s/n, Boa Viagem - Recife-PE

Qua a Sex, 12h às 20h
Sáb e Dom, 14h às 20h

(81) 3355-9832
galeriajanetecosta@gmail.com

Instituto Ricardo Brennand
































* Fotos: Leandro Cunha